sábado, 21 de maio de 2016

Hora de pacificar


CARLOS JOSÉ MARQUES, diretor editorial

Há um grande favor que a nação brasileira pode fazer a si mesma em troca do restabelecimento da ordem democrática. Esquecer Dilma Rousseff. Deixar suas imprecações e devaneios para trás. Ela foi uma personagem cujas artimanhas e equívocos, por longos anos, condenaram o País ao retrocesso e a sua saída de cena precisa ser tratada como tal: alguém que virou passado e ali deve ficar. Nesse pressuposto está também amparada a necessidade de uma outra atitude de igual relevância: a busca da harmonia social, da pacificação ideológica e do entendimento elementar de que somos todos brasileiros no esforço conjunto pelo bem comum e pelo desenvolvimento nacional. O presidente empossado, Michel Temer, chegou a tratar do assunto na primeira linha de seu discurso de estreia. Falou na urgência de unificar o País, com um diálogo aberto, em torno da procura por saídas para a pesada e terrível herança que nos foi deixada. Desarmar espíritos e cicatrizar feridas dessa guerra de secessão, versão moderna, viraram impositivos. O País não pode seguir conflagrado. A disputa do “nós contra eles”, determinada e incitada pelo líder petista Lula, com o endosso da presidente afastada, Dilma, precisa ser encerrada. Não é – claro! – o que essa turma quer. Visando apenas e tão somente a retomada do poder a qualquer custo, sem medir consequências para a população, os partidários do quanto pior melhor prometem incendiar o País. Alegam esperar apenas um deslize de Temer – e entenda-se por tal qualquer derrota política de suas ações – para disparar a artilharia de críticas e avanço em comboio nas ruas. Como nazistas da Segunda Guerra, imaginam uma “Blitzkrieg”, a tática de batalha com recursos concentrados em movimentos relâmpagos para surpreender o adversário. Lula já falou no passado que colocaria o exército de Stédile (que controla o MST) nas cidades. Dilma deixou o Planalto com uma mensagem que incita a reação. Disse que seu substituto iria “reprimir os que protestam contra ele”.

Sabem esses provocadores do caos que a reconciliação, embora fundamental para a imensa maioria, joga contra seus interesses pessoais. E vão trabalhar para miná-la. A própria presidente afastada falou em montar um “bunker” de resistência no Palácio do Alvorada, que ocupa por concessão pública. É no mínimo uma situação esdrúxula assistir a uma mandatária suspensa vociferando contra o seu sucessor fazendo uso da máquina. Não se pode dar holofotes a agitação paralela. Em algum momento, o próprio Supremo Tribunal terá de arbitrar contra esse despropósito que arranha a imagem nacional perante o mundo. Como qualquer presidente que assume, Michel Temer necessita de um período de trégua para mostrar a que veio. Já conta com pouquíssimo tempo para tanto. Mas sinalizou com uma mensagem alvissareira. Fez uma convocação geral ao trabalho contra a crise. O seu slogan de gestão projeta-se com o mesmo objetivo, resgatando o princípio de “Ordem e Progresso” da bandeira. Nada mais adequado diante do ambiente anárquico que se formou no setor público, nas estatais e mesmo no Planalto – convertido nos últimos tempos em deplorável palanque de comício. O progresso virá, acredita o atual governo, com uma parcela de esforço e sacrifício de cada um. Algo inevitável após tantos estragos. Nesse momento, jogar contra equivale a uma sabotagem irresponsável, só reservada àqueles que não guardam qualquer compromisso com o futuro da Nação.


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