segunda-feira, 18 de abril de 2016

Comunidade sem abastecimento em pleno Engenho Novo pega água em rio

'Meu maior sonho é poder tomar banho de chuveiro. Ainda 
não tive esta sensação em casa. Só de caneca', diz doméstica.


Mulheres lavam roupas em tanques improvisados próximo 
ao rio para evitar carregar mais água até as casas
DIEGO VALDEVINO

Rio - "Meu maior sonho é poder tomar banho de chuveiro. Ainda não tive esta sensação dentro de casa. Banho, só de caneca.” O desabafo é da doméstica Andréia Carina Rodrigues, de 43 anos. Moradora da comunidade de Ouro Preto, no Camarista Méier, no Engenho de Dentro, ela anda de sua casa até a nascente de um rio por mais de dez minutos para pegar água em baldes. A rotina, cansativa, já faz parte de seu dia a dia há 30 anos. Dela e de pelo menos outras três mil pessoas que vivem no alto do morro, onde a água encanada não chega à casa dos moradores. Para usar água em casa, além de recorrer à nascente do rio, conhecido como Bicão de Ouro Preto, moradores pegam água em poços. Na comunidade, que ganhou uma UPP em dezembro de 2013 e que teve um surto de hepatite em 2014, a revolta com a Cedae é grande. “A Cedae diz que faz manobras para o abastecimento, mas é mentira. Só há água, e precariamente, na parte de baixo do Camarista Méier. Estamos cansados de pegar água suja para usar no dia a dia”, desabafou o fotógrafo comunitário André Bezerra, 41 anos, que fez uma denúncia sobre o problema no Ministério Público do Rio em 19 de janeiro. A denúncia, segundo ele, foi aceita e encaminhada à 3ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa do Meio Ambiente e do Patrimônio Cultural da Capital.

A Cedae informou que o Camarista Méier é abastecido por meio de bombas. “O problema está restrito a uma parte da comunidade, conhecida como Ouro Preto, construída em local sem rede. Para solucionar o problema, a companhia colocará em ação o programa de Saneamento nas comunidades pacificadas, que levará, por meio de parceria com empresas, o serviço de água e esgoto para estas regiões.” Ainda segundo a nota, o Camarista Méier está inserido entre as comunidades desta primeira etapa do projeto. “Vale ressaltar, que a companhia vem operando e realizando redimensionamento da elevatória, pressurização de rede para atender a comunidade e adequação das redes de distribuição em diversas partes do morro e que continuará realizando ações para ampliar o abastecimento até o programa de saneamento ser implantado”.

Quanto ao Programa de Saneamento nas Comunidades, nas áreas pacificadas, o setor privado ficará responsável por implantar e operar no serviço de água e esgoto. A Cedae fornecerá a água à empresa, que será a responsável por distribuir, operar e comercializar entre os clientes. “Da arrecadação, 5% serão destinados a ações sociais, e outros 5% a investimentos institucionais para a comunidade”, diz a nota.

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