sábado, 23 de maio de 2015

PT do Rio reage à frente de esquerda proposta por Tarso Genro

Congresso estadual deve aprovar resolução contra movimento articulado pelo ex-governador.


LEANDRO RESENDE E NONATO VIEGAS

Rio - Presidente do PT do Rio de Janeiro e prefeito de Maricá, Washington Quaquá, reagiu ontem com veemência ao plano do ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT) de criar no estado uma frente com partidos de esquerda para as eleições de 2016. Parte do PT fluminense defende a aliança com o PMDB e deverá aprovar hoje, no congresso estadual do partido, resolução contra a proposta de Genro.

"Tenho até urticária quando dizem que o Tarso e o Psol são mais à esquerda do que eu. Não são”, afirmou Quaquá, durante entrevista ao programa ‘Jogo do Poder’, que vai ao ar amanhã na CNT, às 23:15hs.. “Ser de esquerda não é citar teórico, nem fazer discurso para universitário de Zona Sul. Tem gente que, quando fala, você tem que abrir um dicionário para entender o que está sendo falado”, ironizou.

Aliado a dois outros petistas, o senador Lindbergh Farias e o deputado Alessandro Molon, Tarso tenta formar uma frente de esquerda, com o Psol e o PC do B, para lançar candidato próprio nas eleições municipais de 2016. Com essa estratégia, o ex-governador gaúcho trabalha para enfraquecer o PMDB, que dá as cartas na Câmara dos Deputados, com o presidente da Casa, Eduardo Cunha, e o líder do partido Leonardo Picciani. O desembarque de Tarso no Rio estaria ligado também às eleições de 2018: o prefeito Eduardo Paes é cotado para ser um dos nomes do PMDB para concorrer à Presidência. Quaquá argumentou ainda que Tarso não tem autoridade para criticar as alianças do PT fluminense porque não conseguiu se reeleger governador do Rio Grande do Sul, nas eleições de 2014. 

“Temos que criar uma nova frente de esquerda, ampla, com o PC do B, UNE, UBES, movimentos sociais. Se o Tarso quiser fazer esse debate, eu topo. Mas se quiser vir fazer discussão eleitoral, ele não tem autoridade para isso. Lá no Sul, ele perdeu a reeleição, que é um vestibular para o bom administrador. Aí vem para o Rio para querer ser o salvador da pátria”, disse Quaquá.

Para a facção do PT favorável à manutenção da aliança com o PMDB, o apoio do prefeito Eduardo Paes à reeleição da presidenta Dilma Rousseff foi fundamental para a vitória da petista no Rio. Daí a avaliação é que a parceria com o PMDB no Rio está consolidada e conta com o aval do ex-presidente Lula e da própria Dilma.


‘Temos de ouvir mais, aprender com os recados do povo’, diz Tarso

Para Tarso Genro, os ataques que vem sofrendo de Washington Quaquá devem-se à possibilidade de o PT do Rio não estar acostumado a debater com outras correntes de opinião. “Talvez ele esteja preocupado em estar no governo (de Pezão), com o PMDB”, disse ao DIA . “É legítimo, mas parece pequeno para um partido que mudou o Brasil para melhor na última década”, afirmou Tarso. E acrescentou: “Temos que ser mais humilde, ouvir mais, aprender com os recados do povo, inclusive saber escutar quem nos critica”Sobre não ter um cavalo para amarrar no obelisco da Rio Branco, repetindo o gesto de Getúlio Vargas, Tarso afirmou não ter “nem um matungo”, um cavalo velho. “Nisso ele (Quaquá) tem razão. Só que isso nunca esteve nos meus planos. Não sou um líder nacional como Brizola nem pretendo disputar qualquer eleição no Rio ou no meu estado. Portanto, se essa é a preocupação, ele pode relaxar.”

Também afirmou que os encontros de Lula com lideranças peemedebistas do Rio, como o governador Luiz Fernando Pezão, Sergio Cabral e Eduardo Paes, com quem esteve três vezes este ano, estão relacionados a manter a governabilidade de Dilma. Tarso pondera, no entanto, que, se quiser, Lula “tem poderes para influenciar positivamente” a relação de PT e PMDB. “Não tenho tal força. Discuto que (devemos) pensar o futuro, numa frente, que permita um novo governo progressista que não seja refém do PMDB.”

http://odia.ig.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário